sábado, 29 de junho de 2013

Last nite

Dei fim à minha visão naquela noite. Fechei os olhos e apurei a audição para o coro ao redor. A música que tocava era uma de minhas favoritas: foi impossível não cantar e pular junto da multidão. A endorfina tomando conta de meu corpo, amortecendo a dor nos pés por causa do maldito salto alto e me fazendo sorrir de uma felicidade momentânea. Naquele momento eu era outra pessoa; resquícios de vidas passadas, detalhes de vidas futuras. Ou talvez aquele era somente um desejo completamente reprimido de poder esquecer daquela fase da minha vida. Ah sim, deu certo.


Last night, she said "Oh, Baby, I feel so down
See it turns me off, when I feel left out"
So I, I turned 'round: Oh, baby, don't care no more
I know this for sure, I'm walking out that door
The Strokes - Last Nite

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Fique no passado

Estou passando por um mês nostálgico, lembrando de um tempo que provavelmente nunca voltará. É até cômico pensar em você e lembrar de como eu ficava idiota com suas palavras. De como foi engraçado quando descobrimos o que estávamos sentindo um pelo outro e, por causa da imensa timidez, parecíamos dois pré-adolescentes conhecendo o amor. Aqueles que sabiam de toda a nossa história torciam tanto para que nós ficássemos juntos, que até eu comecei a acreditar que isso realmente poderia acontecer.

Admito que ignorei os fatos reais e me tornei cega para as coisas ao redor, exceto o que sentia. Quase tudo contribuía para que meus sentimentos se tornassem intensos: cada palavra escrita, cada palavra falada e cada qualquer suspiro me faziam te amar mais do que imaginei que pudesse amar alguém. Fizemos planos, tantos planos... Te ensinaria a cozinhar aquelas coisas básicas que todo mundo deveria saber e você me levaria num jogo de seu time já que nunca pisei num estádio de futebol. Faríamos doces para uma daquelas noites tediosas e sentaríamos no sofá, comendo e assistindo alguma comédia romântica idiota que me deixou escolher. Passaríamos uma noite em seu quarto, conhecendo cada detalhe de nossos corpos, você sendo carinhoso e atencioso comigo...

Talvez tudo isso tenha retornado à minha mente porque o tempo em que esses planos se concretizariam está chegando. Na época, eu não via a hora de estar contigo. Hoje, não vejo a hora desse tempo chegar, ser esquecido e ficar de vez no passado.

domingo, 9 de junho de 2013

Alguns minutos

Ela sorriu. Era perceptível que nós estávamos completamente nervosos e admito que era maravilhoso me sentir assim. O coração disparado, os lábios entreabertos e meus olhos pregados em sua boca, seu olhar escuro me olhando com certo receio. Mas ela sorriu. Os seus braços se levantaram e suas pequenas mãos agarraram minha camisa. Não era meu primeiro beijo, mas mesmo assim eu tremia por, finalmente, estar ali naquela situação. Então ela me puxou de vez, arrancando-me um leve beijo. E ela continuou sorrindo. Vi esse sorriso em seus doces olhos e foi irresistível. Timidamente, a abracei pela cintura, aproveitando a pouca iluminação do local para onde a arrastara. Olhei-a nos olhos e sorri. Ali, naqueles poucos minutos, ela foi minha; naquele pequeno espaço escondido e pouco iluminado, eu a tive.

E agora não a tenho mais.