Meus pés
ficaram gelados rapidamente. Lágrimas começaram a surgir de meus olhos. Meu
coração disparou. Não havia motivo para tanto, eu sabia disso. Mas mesmo assim
não consegui me conter. Li cada palavra como se fossem as últimas, desejando
que o fim não estivesse explícito, pois não aguentaria tanto. Olhei o ponto - que
não era o ponto final - e senti uma mistura de sentimentos me invadir. Ódio,
saudade, tristeza... Vontade de responder com alguma palavra suja e com
significado torpe. Não fiz isso. Apenas chorei, igual aos outros dias em que
chorava por causa de lembranças. O vento levou meu cabelo até os olhos e
pequenas mexas ficaram presas em minha bochecha, no rastro que as lágrimas
deixavam. Sorri meu pior sorriso. Deitei-me na cama e virei o rosto para a parede
branca do quarto, as lágrimas não me deixando em paz. Então respondi
sinceramente. Não podia inventar mais mentiras, porque aos poucos elas estavam
me matando. Adormeci depois de responder. Não lembro que horas eram ou até
mesmo o dia. Só lembro que desejava não ter aquela conversa, desejava não ter
aqueles sentimentos, desejava apenas poder respirar aliviada mais uma vez...
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
O fato de desejar
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Imaginar
Já me imaginei
com você em mil e uma situações. Conversando cara a cara sobre futilidades e
comendo besteira, deitados numa rede só vendo o tempo passar, olhando em seus
doces olhos enquanto você sorri envergonhada, roubando beijos em momentos
inesperados. Já imaginei nosso primeiro encontro, a timidez tomando conta de
ambos, nosso primeiro beijos nos fazendo rir e saindo perfeito só quando a
calma se estabelece entre nós. Já te imaginei cantando num karaokê alguma
música que dedicas a mim, uma daquelas que te mostrei tempos atrás. Já vivi e
revivi milhões de beijos, suas mordidas, o jeito que segura minha mão sem me
olhar e todos os olhares bobos e apaixonados que surgem do nada. Já sonhei
conosco passando uma noite inteira acordados, falando das aventuras vividas em
tão pouco tempo de vida, ou dos seus casos que me deixam enciumado mas que não
demonstro. Já te imaginei chegando com alguma camisa nerd e com um lindo
sorriso, e então você diz meu nome, aliviada com o encontro. Já imaginei seus
dedos macios passeando por meu rosto, sua voz doce dizendo que me ama,
fazendo-me ficar completamente enrubescido. Já nos vi sozinhos no quarto, você
cantando pra mim, no meu show particular, todas aquelas músicas que remetem a
nós, a você e eu, nossos olhares se cruzando e evidenciando aquela louca
vontade de largar tudo e somente nos beijarmos... Aquela louca vontade de te
ter logo aqui comigo.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Óbvio
Eles andavam
de mãos dadas, conversando e sorrindo. Chegaram até o fim do caminho, onde
havia um pequeno palco a céu aberto, então ela teve uma ideia e sorriu,
puxando-o pela mão até o banco, fazendo-o sentar. Andou até o palco e pôs-se de
pé para que todos a vissem.
-Bom início de
noite, senhoras e senhores. Que lindo pôr do sol, não? Melhor ainda se você
estiver acompanhado de alguém e apaixonado
por essa pessoa. E eu posso dizer isso com plena certeza. Amor... O que é isso
se não a certeza de estar sempre protegido? Nós humanos temos medo daquilo que
pode fracassar, é natural. Temos medo de nos apaixonar, de ser magoado pelo
outro e até de magoar esse outro. Mas aí encontramos alguém. E esse alguém te
promete o mundo somente com o olhar, promete te fazer a pessoa mais feliz da
face da Terra e você acredita. E aos poucos, - ela saiu do palco e foi em
direção a ele, fazendo o gesto de pegar seu coração, entregando em suas mãos. –
você entrega o que tem de mais precioso para essa pessoa. Porque sabe que ele
pode cuidar tão bem quanto você cuida. – e sorriu, voltando ao lugar de onde
saíra. – E por mais que essa pessoa diga que não pode fazer nada disso, você
apenas sabe... Apenas sabe que quer passar a vida inteira com ela...
As pessoas
começaram a aplaudir e ela se curvou, agradecendo a todos por ouvi-la. Desceu do
palco e olhou para ele, que falava com um homem qualquer que partiu quando ela
se aproximou, sem antes parabeniza-la. Ele segurou sua mão e voltaram a andar
como dois namorados completamente apaixonados.
-O que aquele
senhor lhe disse? – perguntou sorridente. Ele começou a ficar vermelho e a
puxou para um lugar vazio, somente para beijá-la carinhosamente. Ela sabia que
quando ele agia assim, era porque queria esconder a vergonha que sentia no
momento.
-Você ainda
continua vermelho. – riu. – O que ele disse pra te deixar assim?
-Pra eu nunca
te perder... Porque igual a você não vou mais encontrar. – respondeu-lhe.
-Homem sábio. –
falou rindo mais ainda. Então ela o beijou mais uma vez e disse que o amava. Ele
passou os dedos pelo rosto macio e sorriu envergonhado. E em seu coração,
afirmou o óbvio: que também a amava.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Somente o tempo
Ele não ficou.
Após ter feito com que eu me apaixonasse perdidamente, ele resolveu se ausentar
depois de um simples pedido meu: que ficasse presente. Eu sabia que o futuro
era incerto, eu sabia que muita coisa poderia acontecer, mas fui egoísta comigo
mesma e pedi. As conversas que duravam quase o dia inteiro, a minha luta para
ficar acordada muitas noites somente para conversarmos, os sorriso e gestos afundaram-se na areia movediça do tempo. Ainda me recordo dos primeiros dias
quando disse-lhe que meu erro era sempre me jogar sem preocupar com o chão e
ele disse que não me deixaria cair nunca. Nos últimos dias o discurso já era
outro, ele já não queria me deixar pular. Só que eu já havia pulado há bastante
tempo. E nesse momento cheguei ao chão e a dor foi terrível. Naquele dia não
houve fim estabelecido em palavras. Houve somente o tempo... O tempo da
ausência. E esse foi o fim.
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