sábado, 7 de abril de 2012

Garota rock n' roll


Tênis All Star com cadarço vermelho, lápis preto no olho e o cabelo solto esvoaçando ao vento. Ela sorria enquanto batucava no volante do carro ao som de sua banda de rock favorita. Era cedo ainda e o sol estava nascendo. Ela colocou os óculos escuros depois de procurá-los na bagunça do porta-luvas e começou a cantar junto com a voz que gritava do alto-falante. Aquela era a vida que ela amava ter, sem tirar nem pôr. Fugiu da sociedade repressora em que vivia com apenas 15 anos. Decepcionou pai e mãe e pensou que um dia pediria desculpas. Nunca precisou. Tingiu o cabelo de vermelho, roxo, azul e agora voltara ao preto. Percorreu cidades procurando por adrenalina, por algo que a mantivesse viva. Se envolveu com pessoas erradas e conheceu um cara que parecia ser o certo mas, para a vida que ela tinha, não existem pessoas certas. Experimentou a boca de outra mulher e sorriu maliciosamente ao perceber como as mulheres conseguem se entregar a um simples beijo. Fugiu da polícia e gargalhou buzinando por horas, o efeito que a fuga lhe fizera. Bebeu até cair porre no chão e ser amparada por pessoas que não conhecia. Gritou que estava na estrada para o inferno e que adorava estar vagando nela há anos. Socou o nariz do cara que tentou abusá-la; beijou várias pessoas ao mesmo tempo; se perdeu no mundo para se encontrar no dia seguinte em seu carro com a banda de rock que mais gostava. Quase fez um pacto com o diabo, falou com mortos e o orou para que os deuses em que acreditava a perdoassem por todos os pecados que cometera e todos os que ainda iria cometer. Essa era a vida que ela tinha e que não largaria tão cedo. Essa era a vida da garota rock n' roll.

domingo, 1 de abril de 2012

Talvez


Talvez eu tenha cometido um erro. Talvez tenha errado ao te afastar, por me achar superior de uma maneira muito deturpada dentro de minha cabeça. Talvez eu seja imbecil o suficiente por achar que tudo pode voltar a ser normal, sem as brigas sem motivo ou sem a conversa de você ter mudado e amadurecido. Talvez não devesse ter te entregado aquele bilhete esperando que o universo conspirasse e você me mandasse algum sinal de vida dizendo que ainda me amava. Tolice. Talvez deva parar de te mandar mensagens esperando por respostas que nunca virão ou, se vierem, receber apenas respostas monossilábicas. Talvez eu deva parar de mentir para mim, de acreditar piamente em palavras e esperar que elas se concretizem.
Talvez deva parar de me apaixonar. Sim, eu preciso parar...
Talvez seja necessário jogar fora as cartas, os bilhetes, os desenhos, qualquer memória sobre as pessoas que amo e amei. Porque, no fim, o amor é sempre semeado de um lado apenas. E talvez as coisas melhorem se eu fizer isso, como quando eu joguei fora as lembranças de três anos atrás...
Talvez, realmente.