Não fazia ideia do porquê, mas também nem queria saber, porque senão o sofrimento seria maior. Sentia uma dor imensa, mas não era dor
que somente dói; era dor que dói, que arde, que não tem cura, que nunca sara.
Na festa na casa dos Souza ela
apareceu, mas logo que me viu foi embora. Antes, veio falar-me com arrogância
e, por incrível que pareça, não me espantei. Ela já havia me tratado muito,
mais muito pior.
Convidei-lhe para dançar, queria
tocar-lhe, sentir seu cheiro, sentir seu corpo... Ela apenas olhou-me com desprezo, do alto de seu pedestal, e foi-se embora sem responder-me. Paulo
ainda ficou na festa, perguntei-lhe por qual motivo Mila agia dessa forma, mas nem ele
sabia responder. Disse-me para ter calma, mas calma era o que eu menos
tinha.
Afinal, não sabia o que fazer. Estava tão
apaixonado que não tinha sono e nem fome. A única coisa que me alimentava era
esse amor doentio e impossível. Todas as noites em claro, serviam-me para
refletir e pensar em tudo que estava acontecendo, contudo nunca chegava em uma
conclusão concreta.
Por mais que eu tentasse
esquecê-la, por mais que eu tentasse olhar para outras mulheres, não
conseguia. Acho que esse era o meu castigo pelo erro de amá-la e desejá-la
demasiadamente...