Eu corri.
Não como nos filmes antigos em que a linda mocinha corre em direção ao seu amado, mas desesperada e
desamparada. Entrei na loja mais próxima e fui
para o fundo dela. Acho que não me dei conta de onde estava, porque sentei no
chão e escondi minha cabeça entre os joelhos por estar chorando. E não notei o
tempo passar. Quando finalmente levantei os olhos, percebi que estava no meio
das toalhas, praticamente escondida. E meu coração palpitou mais ainda quando
olhei para o lado e te vi com uma expressão que misturava felicidade e
tristeza.
– Antes que me pergunte, – começou. – estou aqui desde que você chegou.
Disfarcei um sorriso e te olhei
preocupada.
– Mas e o seu trabalho? – minha voz saiu mais embargada do que pensei que estivesse.
– Estava saindo quando vi você
entrar e praticamente se esconder aqui.
Baixei os olhos para meus pés
e tentei esconder o sorriso que surgia por notar o quanto você se importava.
– Obrigada. – murmurei.
Você sorriu e me abraçou
carinhosamente. Pela primeira vez senti o seu toque, naquele abraço que tentava me confortar. As
lágrimas sumiram imediatamente, dando lugar à calma que emanava de você. Então todos os pensamentos se esvaíram e apenas a surpresa e a ansiedade ficaram ali.
A palpitação em meu peito estava tão alta que você deve ter escutado, não duvido. Porque ali eu tive a confirmação: estava apaixonada e nunca havia notado. A felicidade de falar com você e todo o nervosismo ao saber que provavelmente te encontraria, sempre foram os sinais que teimei em compreender. Agora eu compreendo. Comecei a sorrir feito uma adolescente boba ainda em seu abraço.
– Está melhor? –
perguntou depois de um tempo, segurando meu rosto com as duas mãos.
– Acho que sim. – respondi,
ainda com os olhos baixos.
– Menina, por que você nunca me olha direito?
Tenho absoluta certeza que fiquei
extremamente vermelha porque você começou a rir. E novamente perdi a noção do tempo.
Lembranças do que havia ocorrido voltaram numa enxurrada, ao mesmo tempo em que lembrei de quanto te conheci, das vezes em que você me olhou com um
sorriso e das vezes em que brigávamos de brincadeira.
E quando voltei a mim e entendi o que estava acontecendo, notei que você me beijava de um jeito tão carinhoso, que apagava
todo o motivo do choro de minutos atrás. Então as borboletas no estômago começaram a trabalhar e me levaram às nuvens em poucos segundos.
Ao se afastar, você me olhou e
começou a rir novamente.
– Você realmente está vermelha.
E dessa vez eu não escondi o
sorriso, só porque ainda estava delirando com seu beijo repentino.
– Você é louco... – foi a única
coisa que consegui dizer naquele momento.
– Bem, – disse olhando o relógio.
– acho bom nós irmos embora, já está ficando tarde. – e você levantou, me
puxando em seguida.
Começamos a caminhar em direção a
saída da loja quando você segurou minha mão num gesto inocente e me olhou
carinhosamente com um lindo sorriso.
– Não chore mais, minha linda.
E eu sorri. Igual naqueles filmes antigos em que a mocinha fica com seu príncipe no final e vive feliz para sempre. Era assim
que eu me sentia...
Feliz por finalmente estar com você.