segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Agosto

Talvez o seu silêncio seja a minha redenção. O fim de uma história que nem ao menos deveria ter iniciado. Talvez eu diga que está tudo bem e aos poucos me afaste, porque eu sou frouxa e sei que não conseguirei ficar calada se algum dia voltares a falar comigo. Mas sei que devia te ignorar, fingir que não existe, porque, meu bem, a ficha finalmente caiu e eu percebi que sou uma mera segunda opção pra você. Sempre fui. Eu, que sempre tentei me valorizar, mas que nunca encontrei um cara que fizesse meu amor valer a pena. Fui bem idiota com relação a você, agora eu percebo isso...

Nossa saideira foi um beijo na bochecha e um abraço apertado naquele ponto de ônibus deserto, depois de tantas confissões, beijos e carícias trocadas. Aquele era o fim e eu realmente percebi enquanto voltava pra casa, só não sabia ainda o que era aquela sensação escrota dentro do peito. Mas é como disse Leo Fressato certa vez: “Beije-me com gosto ou deixe-me antes de agosto”. E, querido, agosto acabou de começar.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Paradoxo

Esta noite resolvi te escrever para dizer coisas que talvez nunca diga pessoalmente. Na verdade, talvez este texto também nunca chegue a você, querido. Já redigi milhões de cartas, entretanto, na maioria das vezes, escrevo apenas por descargo de consciência, para poder externalizar todo esse turbilhão de pensamentos que me assombram diariamente. E, tenha certeza: são milhões de pensamentos viajando na velocidade da luz dentro de minha mente ociosa. Alguns desses pensamentos eu tento afastar de todas as maneiras possíveis; sem sucesso, como é de se esperar quando se trata de minha cabeça.

Talvez você não saiba, mas ultimamente minhas mais loucas fantasias te envolvem. Imagino como seria se pudéssemos ficar juntos, se pudéssemos entrelaçar nossos dedos num andar de mãos dadas qualquer numa rua cheia de pessoas que nos ignorariam. São pensamentos tão idiotas, mas que definem quem eu sou: uma das pessoas mais idiotas do mundo quando está apaixonada. Sim, querido, estou apaixonada. Perdidamente. Eu me envolvi na sua doçura e seu jeito de se preocupar comigo de uma maneira tão complexa, que não faço a menor ideia de como isso aconteceu. Quando percebi, ele já estava lá, o sentimento crescendo a cada palavra, a cada dúvida que minha mente criava, a cada “Gosto do que temos” dito em dias tão comuns de chuva no final da tarde...

Hoje, esta carta tem destino certo: ela conhece seu destinatário, mas se recusará a chegar até ele. Talvez seja medo desta que a escreve, medo de envolver-se demais e transbordar, como sempre fiz todas as vezes que me apaixonei. Eu transbordo, querido. Eu me jogo, mergulho de cabeça e, quase sempre, me afogo. É até paradoxal, mas ainda quero me sentir assim: como se a qualquer momento eu pudesse transbordar todos os sentimentos que teimo em trancar. Entretanto, hoje há um certo controle que até me espanta. Hoje, não estou disposta a transbordar por nós dois.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Desejar


Hoje eu desejei que você tivesse me enviado uma mensagem de bom dia. Desejei que a conversa tivesse se alongado durante intermináveis horas e que, no fim, você dissesse que gostava de mim e que nos daria uma chance. Desejei que pudesse arriscar. Que pensasse que poderíamos dar certo, mesmo com tantas incertezas nos rondando. Mesmo com a atual situação. Desejei poder chegar ao final do dia e poder te olhar nos olhos, sorridente, como uma pré-adolescente descobrindo o amor. Apenas desejei. Ardentemente, como nunca antes desejado. Desejei poder te tocar sem sentir culpa; desejei poder te beijar sem nenhum pensamento nos acusando. Desejei ser sua. Hoje, amanhã e para sempre, enquanto durasse. Desejei descobrir mais sobre você, sobre nós, sobre as coisas em comum, sobre as ações do passado e sobre os planos para o futuro. Desejei ouvir de você que não éramos um plano, mas que simplesmente aconteceu e que veríamos até onde tudo isso iria. Desejei que tivéssemos nos permitido. Realmente desejei ter recebido uma mensagem sua hoje de manhã...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Revirando o passado

Às vezes revivo o passado, não sei ao certo o porquê. Talvez seja um pouco da minha parte sofredora que gosta de ver o que perdeu, ou a curiosidade em saber como você está. Hoje entrei em seu perfil de uma rede social qualquer e descobri mais coisas sobre você. É engraçado ver como seu gosto musical não mudou nenhum pouco, gostando do mesmo estilo de música, mas sempre variando entre as vozes e estilos menores. Mas isso não me surpreende, afinal, eu te conheço - não tanto a ponto de desvendar o mistério que era você, a tempo de evitar sofrimentos no passado - e o pouco que sei não altera algumas coisas. És imprevisível em alguns pontos e gostaria de ter tido mais tempo em descobrir sua previsibilidade.

Hoje vi que não estás mais namorando e fiquei pensando de que parte da história veio o fim definitivo - se foi dele ou de você. Uma vez ouvi em um lugar que num relacionamento há sempre aquele que ama mais e, por consequência, o que sofre mais. E admito que uma parte de mim fica um pouco alegre de pensar que o fim veio dele e que, dessa vez, foi ele que machucou seu coração, quase como uma vingança indireta de minha parte pelo que você fez comigo. Mas a outra parte pensa em você, em seu bem estar, em com deve ter sido difícil porque, sim, eu te conheço nesse ponto e sei o quanto é difícil para você se relacionar, afinal eu sou a prova viva de como não sabias lidar com os sentimentos - se é que eles existiram por mim.

Também penso se foi de sua parte que houve o fim e por que isso aconteceu. Pode ser a mesma razão: a falta de sensibilidade em lidar com outra parte, a falta de paciência com as loucuras de cada dia... Então paro e penso: por que ainda me importo com você? Mesmo amando outra, mesmo perdidamente apaixonado, por que ainda tenho curiosidade em saber sobre sua vida?

Talvez porque tenhas sido muito importante para mim, porque abriu ainda mais meus olhos para o mundo e me fez uma pessoa melhor, mais forte, entretanto menos compreensível com relação a certas coisas. No fim das contas, creio que tenho que te tirar de vez da minha vida e esquecer seu nome. Essa sempre foi a coisa certa a ser feita.