Ela não quis
abrir os olhos. Teve medo por pensar que, ao fazer esse gesto, tudo o que havia
enxergado sumisse como as miragens do deserto. Manteve-se assim por vários minutos,
até que sentiu o toque leve em seu rosto, e ela sabia que toda a reação de seu
corpo, o arrepio de todos os seus pelos, o calafrio gostoso passando por sua
espinha, era algo que desejava a tempos.
-Por que você
não abre os olhos? - perguntou, a voz grave entrando como uma doce melodia em
seus ouvidos. Ela continuou calada e sentiu a ponta dos dedos dele passearem
lentamente pelos seus olhos. - Eu estou aqui e prometo que não vou embora. - sussurrou,
a voz na base de seu ouvido. Toda a reação do corpo pequeno e frágil se
intensificou e, lentamente, resolveu abrir os olhos. A visão do rosto dele foi
esplendorosa. Ele a desejava de forma demasiada e seu olhar o condenava. Seu grande
pecado... Naquele momento ela percebeu que nascera para ele e que nada poderia
mudar o destino que lhe fora traçado antes mesmo de chegar ao mundo. Devagar,
levantou a mão e tocou no rosto do amado, ainda sem acreditar que finalmente
estava realizando vontades ocultas de longos anos. Ela mordeu o lábio inferior
e o levou a loucura. Sem se aguentar mais, ele segurou-lhe pela nuca, puxando
um pouco os fios soltos e roubou um beijo da boca que tanto cobiçara. Suas línguas
se entrelaçando num doce ritmo desesperado. E, de repente, chegaram ao céu...