Não consegui
dormir. Levantei da cama devagar, me desvencilhando dos braços dele para não
acordá-lo. Peguei o celular que estava em cima do criado-mudo e fui até o
banheiro. 4h47 da madrugada. Lavei o rosto e olhei fixamente para meu reflexo
no espelho. Suspirei e voltei para o quarto. Observei o corpo seminu na cama,
dormindo profundamente e dei um leve sorriso. Eu amava aquele homem de maneira
intensa, igual as personagens idiotas dos livros que vez ou outra eu lia. Puxei
uma cadeira para mais próximo da cama e sentei, olhando-o. O que existia era
magnifico, mas sabíamos que aquilo duraria pouquíssimo tempo. Algumas imagens
surgiram em minha mente. A primeira vez que nos encontramos e ele, meio tímido,
depositou um leve beijo em meus lábios. Nossos sorrisos tão grandes, a
felicidade exalando algum cheiro que tirou a atenção de todos. O momento em que
entramos em sua casa e, longe da visão do mundo, ele me agarrou meio
desesperado e me beijou intensamente. Não conseguimos dormir e ficamos
acordados a noite toda conversando e aproveitando o tempo perdido...
Estava com
lágrimas nos olhos. Não eram lembranças distantes e eu sabia que dentro de
poucos dias todo o namoro adolescente, todo o desejo de se estar perto, todas
as conversas que duravam horas e todos os beijos roubados no meio ou no fim de
cada conversa se tornariam mais lembranças. Uma lágrima escorreu por meu rosto.
Abandonei a cadeira e voltei para a cama. Vagarosamente me aconcheguei perto
dele, fazendo-o acordar sem querer. Ele me olhou e deu um sorriso sonolento,
puxando-me para mais perto. Senti sua respiração em minha testa e ele depositou
um leve beijo nela. Pus a cabeça em seu peito e afastei da memória os pensamentos
de antes. E me concentrei nele e no calor que sentia ao estar ao seu lado, ao
sentir seu toque. Apaguei antes de me lembrar do dia em que nos conhecemos e
das palavras que ele guardou para mim... “Teremos uma história muito feliz...”.
Sim, nós temos.